Quando desceu do carro de som, domingo à noite, Neguinho da Beija-Flor ouviu Elaine, sua companheira, reclamar de seus abusos. Ele cantou durante 72 minutos e atendeu com sorrisos, abraços e autógrafos centenas de pessoas que o cercaram, quando o ensaio técnico da Beija-Flor terminou. Driblando as sequelas da quimioterapia a que se submete para vencer um câncer que o surpreendeu em outubro, Neguinho ainda queria encarar a roda de samba na praça de alimentação da Sapucaí. Passou no teste e agora já se sabe: o juiz de paz pode preparar a papelada, que antes do desfile de domingo, na passarela, Neguinho e Elaine vão se casar. Então, dará o grito de guerra e puxará o samba que Tom Tom, Marcelo Guimarães, Lopita, Jorge Augusto e Veni Vieira compuseram para o enredo que fará Nilópolis mergulhar no tempo para mostrar a relação entre o homem e a água de beber, lavar, curar e purificar. Será em Si Maior, do jeito que ele gosta. O samba está redondo e no tamanho certo, como explica Betinho Santos, diretor musical da Beija-Flor e parceiro de Neguinho na escola e na banda que o acompanha há 10 anos em desfiles, gravações de CDs e no DVD que está em fase de lançamento. Além de Betinho, estarão no carro de som da Beija-Flor, cantando, Gilson Bacana, Marcelo Guimarães, Tom Tom, Jorginho, Bira, Diego Chocolate, Tina, Kid e Nêgo Lindo, todos com mais de uma década nos desfiles da escola. O primeiro cavaquinho é de Betinho, o segundo é de Carlinhos, mais o violão de seis cordas de Zequinha do Cavaco e o de sete cordas de Rafael Prates. Diante deles, 300 ritmistas comandados por Mestre Paulinho Botelho. Na certeza de que tudo vai dar certo para ele e para a escola que carrega até no nome, Neguinho beijou emocionado a bandeira que Selminha Sorriso e Claudinho lhe ofereceram no ensaio. Foi um teste de som, luz e vida.
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