A produção mundial de tabaco está migrando dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento confirmando a projeção de ampliação da produção no Brasil nas próximas décadas. A redistribuição espacial das fumageiras nos três estados do Sul aponta a acerto dessas projeções. Ao analisar os projetos de expansão de cada empresa do setor, pode-se afirmar que entre 2015 e 2020, o Brasil deve atingir a colheita de 1,5 milhões de toneladas de tabaco por ano, ampliando o número de agricultores envolvidos na produção primária, avançando sobre regiões ainda não “conquistadas” pelo fumo. As 182 mil famílias fumicultoras do Sul do Brasil têm um antecedente histórico de pluriatividade, diversificação e agroindustrialização de alimentos, mas com o passar dos anos, relegados pela falta de política agrícola, migraram para este sistema integrado. O quadro de desencanto dos agricultores começa a mudar a partir de 1996 com conquista do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) criando um novo patamar de suporte de crédito aos agricultores. Inicialmente tímido, hoje, o Pronaf oferece R$ 13 bilhões/ano. O Programa Mais Alimentos lançado em julho de 2008, possibilita que os agricultores familiares invistam em máquinas agrícolas, equipamentos para agroindustrialização e melhorias nas técnicas de produção, na ordem de até R$ 100 mil por família. Com isso, o Programa de Diversificação das Áreas Cultivadas com Fumo, desenvolvido pelo Governo Federal é uma conquista das entidades que apoiaram a ratificação pelo Brasil da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco. O programa apóia entidades que atuam em pesquisa, extensão rural e assistência técnicas voltadas a busca de alternativas de desenvolvimento rural sustentável. O Programa de Diversificação precisa avançar rápido para que as políticas públicas como Pronaf, PAA e Mais Alimentos cheguem aos fumicultores interessados em diversificar suas atividades, principalmente àqueles de renda média e/ou insuficiente com o plantio de fumo. É necessário possibilitar a contratação de técnicos diversificadores para atuar a campo. A área plantada com fumo reduziu 22% nas duas últimas safras, 75 mil hectares a menos, mas tende a voltar se não chegarmos com alternativas a esses agricultores. Na safra atual 20 mil hectares foram recuperados com plantio de fumo através das estratégias de ampliação das indústrias. Se os agricultores obedecerem cegamente às indústrias, ampliando a área plantada, até aqueles com renda boa terão seus ganhos comprometidos. Precisamos decidir com inteligência, diversificar a renda na propriedade e resistir ao avanço rápido da fumicultura, visto que o mercado futuro desse produto deve refluir. Precisamos também enfrentar de frente temas como trabalho infantil, doença do tabaco verde e domínio de multinacionais sobre o setor.
* Técnico Agrícola, Assessor da Fetraf-Sul
(Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar)
e representante da CUT na Câmara Setorial do Fumo
Mais informações e entrevistas:
Albino Gewehr Fone: (51) 98180707
(Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar)
e representante da CUT na Câmara Setorial do Fumo
Mais informações e entrevistas:
Albino Gewehr Fone: (51) 98180707
Bom meus amigos leitores, sei que esse assunto não tem nada a ver com samba e carnavel, mas a pedido do meu amigo e leitor do blog Albino Gewehr (foto a cima), decidi postar o artigo dele, pois a situação é bem preocupante e como todos sabem moro na capital brasileira do fumo Santa Cruz do Sul, e tenho uma enorme preocupação com o futuro da economia que alavanca esta cidade.
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