Um tricampeão da Sapucaí vai assumir o primeiro microfone da Academia de Samba Praiana. O intérprete Preto Jóia, campeão do Grupo Especial carioca em 1994, 1995 e 1999 com a Imperatriz Leopoldinense, foi contratado pela verde-rosa da Avenida Padre Cacique e cantará o samba-enredo da escola no Porto Seco. Preto Jóia não virá apenas no dia do desfile. O intérprete deve participar de alguns ensaios da escola. O atual puxador, Maurício Azevedo, deve permanecer na equipe que integra o carro de som da Praiana. Um pouco da Carreira do Preto Jóia
O ourives Amaury Valdo trabalhava numa empresa de jóias de diamantes, no Rio de Janeiro, quando, freqüentemente, seu patrão o incomodava: “Ô, preto. Cadê a jóia? Ô, preto. Cadê a jóia?”. O apelido pegou entre os colegas e Amaury passou a ser o Preto Jóia. O início no samba se deu no bairro de Ramos, quando freqüentava os ensaios da Imperatriz Leopoldinense. Ingressou na ala de compositores da escola e teve sua primeira chance como puxador oficial em 1985, com o samba “Adolã, a cidade-mistério”. Naquele ano, por falta de energia elétrica no Sambódromo, o desfile atrasou seis horas. A performance da Imperatriz foi prejudicada, já que a escola deveria entrar na Marquês de Sapucaí à meia-noite da Segunda-feira de Carnaval, e, no entanto, começou a apresentação pela manhã, já com os primeiros raios solares. O fato quase comprometeu a carreira do jovem sambista. Uma nova chance surgiu em 1989. No ano anterior, a escola obteve o último lugar e, se não fosse uma virada de mesa na Liesa, teria sido rebaixada ao Grupo A. A volta por cima de Preto Jóia começou com a escolha do belíssimo samba “Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós”, feito em parceria com Guga, Jurandir e Niltinho Tristeza. Não foram poucas as vezes que Preto Jóia teve que levar o samba na quadra, devido aos compromissos profissionais do puxador oficial, Dominguinhos do Estácio. Isso lhe deu cancha e experiência para o desenvolvimento de seu canto. “Liberdade, liberdade...” foi a composição mais elogiada e comentada do ano, ganhou todos os prêmios de carnaval e foi essencial para a conquista do título da Imperatriz naquele ano, apesar da escolha popular recair no desfile da Beija-Flor. Com a transferência de Dominguinhos do Estácio para a Grande Rio, após o carnaval de 1990, Preto Jóia foi naturalmente alçado à condição de intérprete da escola de Ramos. Foram 10 anos defendendo o samba da Imperatriz, o que lhe rendeu um Estandarte de Ouro como melhor intérprete em 1993. Em 2000, Preto Jóia troca o carnaval do Rio pelo de São Paulo e vai defender o samba da Acadêmicos do Tucuruvi. Em 2001, assiste o carnaval pela televisão. O retorno se dá em 2002, quando a Unidos do Porto da Pedra ascendeu ao Grupo Especial com o tema “Serra acima, rumo à terra dos coroados”. Preto Jóia retorna ao carnaval mais maduro, mais técnico e mais vibrante do que nunca. O intérprete destaca que suas principais influências são Jamelão (pelo timbre de voz) e Neguinho da Beija-Flor (pela empolgação). Também integrou o projeto Puxadores de Samba, junto com Dominguinhos do Estácio, Jackson Martins, Serginho do Porto e Wantuir, em 2000. Após três carnavais na Porto da Pedra, aliada a uma passagem pela Tradição em 2005, Preto Jóia voltou à sua antiga casa em 2007, depois de oito anos. Foi a voz oficial da Imperatriz Leopoldinense por dois carnavais, sendo dispensado após o carnaval de 2008. Atualmente, está sem escola.
INÍCIO: Imperatriz Leopoldinense, na década de 70. Primeiro ano como intérprete oficial: 1985, na Imperatriz Leopoldinense. Logo depois, integrou o grupo de cantores de apoio da escola. 1991 a 1999 – Imperatriz (intérprete principal) 2000 – Acadêmicos do Tucuruvi (SP) 2002 a 2004 – Unidos do Porto da Pedra 2005 - Tradição 2007 e 2008 - Imperatriz.
GRITO DE GUERRA: Ih, gente! Vamos chegando! Dá licença! Alô nação (lugar de origem da escola – leopoldinense/gonçalense)! Chegou a hora! GRITOS DE EMPOLGAÇÃO: “ih, gente”; “eu gosto assim”; “no gogó”; “vem comigo”; “é!” (seguido de um acorde de cavaquinho); “alegria, alegria”; “obrigado, meu Deus”; “fui, hein?”.
Sambas-enredo de sua autoria: “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós” (89, com Guga, Jurandir e Niltinho Tristeza), “Terra Brasilis, o que se plantou deu” (90, com Baianinho, Jorginho da Barreira, Tuninho Petróleo e Zé Catimba), “O que é que a banana tem?” (91, com Flavinho, Guará da Empresa, Guga, Niltinho Tristeza e Zé Catimba), “Quase no ano 2000” (98, com Darcy do Nascimento, Flavinho e Guga), “Xuxa e seu reino encantado no carnaval da imaginação” (Caprichosos de Pilares/2004, com Nei Negrone, Riquinho Gremião e Sílvio Araújo), “Rainha de Ramos” (samba de quadra).
Estandartes de Ouro: 1989 (melhor samba enredo) e 1993 (melhor intérprete).
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